ÁLVARO DE CAMPOS – O ENGENHEIRO NAVAL
Para Álvaro de Campos a sensação é tudo. O sensacionismo torna a sensação a realidade da vida e a base de arte. O EU do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir. Álvaro de Campos é quem melhor procura a totalização das sensações, mas sobretudo das percepções conforme as sente. O sensacionismo de Álvaro de Campos começa a premissa de que a única realidade é a sensação, a complexidade e dinâmica da vida moderna provoca-lhe a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações. A obra de Álvaro de Campos, passa por 3 fases: a decandentista - que exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações; a futurista e sensacionista, que se caracteriza pela exaltação da energia e a intimista, que perante a incapacidade das realizações produz frustração. Álvaro de Campos revela como Pessoa a mesma inadaptação à existência, mas pela sua violência e fraqueza clarifica o que em Pessoa ficou discreto e implícito.
Para Campos (heterónimo mais actual), a sensação é tudo, ele deseja “sentir tudo de todas as sensações”. O Sensacionismo traduz a sensação na realidade da vida, onde o Eu do poeta integra e define tudo o que tem existência ou possibilidade de existir. Caeiro; busca as sensações, num todo, procura “sentir tudo de todas as maneiras”. Quanto ao seu Sensacionismo, considera como única realidade, a sensação captada pelos sentidos, rejeitando o pensamento. Devido à complexidade/dinâmica da vida moderna, procura sentir violência e força de todas as sensações, dado o efeito que a nova tecnologia lhe provoca. A obra de Alberto Caeiro passa por 3 fases: decadentista- que exprime o cansaço, tédio e necessidade de novas sensações, uma maneira de fugir à monotonia, e de dar sentido à vida. A futura e sensacionista- que é caracterizada pela exaltação da energia, onde A.C. celebra o triunfo da máquina e da civilização moderna. Contrapõe a beleza das máquinas com a tradicionalmente concebida. E a Intimista - que perante a incapacidade das realizações, traz novamente o abatimento que provoca “um supressísimo cansaço” (frustração). É nesta parte que Caeiro, se revela vazio, um incompreendido pela sociedade, vivendo momentos de angustia. O drama de Caeiro resume-se numa frustração total, fruto da sua incapacidade de ligar pensamento/sentimento. Campos tenta ainda através dos poemas, exprimir a energia/força que se manifesta na vida, daí a sua submissão à expressão da sensibilidade, impulsos, emoções.
TRAÇOS DA SUA POÉTICA
- poeta modernista
- poeta sensacionista (odes)
- cantor das cidades e do cosmopolitanismo (“Ode Triunfal”)
- cantor da vida marítima em todas as suas dimensões (“Ode Marítima”)
- cultor das sensações sem limite
- poeta do verso torrencial e livre
- poeta em que o tema do cansaço se torna fulcral
- poeta da condição humana partilhada entre o nada da realidade e o tudo dos sonhos (“Tabacaria”)
- observador do quotidiano da cidade através do seu desencanto
- poeta da angústia existencial e da auto-ironia
1ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – DECADENTISMO (“Opiário”, somente)
- abulia, tédio de viver
- procura de sensações novas
- busca de evasão
2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS
Futurismo
- elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)
- ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
- atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida
Sensacionismo
- vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)
- sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal)
- cantor lúcido do mundo moderno
3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMO
- dissolução do “eu”
- a dor de pensar
- conflito entre a realidade e o poeta
- cansaço, tédio, abulia
- angústia existencial
- solidão
- nostalgia da infância irremediavelmente perdida (“Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”, Aniversário)
TRAÇOS ESTILÍSTICOS
- verso livre, em geral, muito longo
- assonâncias, onomatopeias (por vezes ousadas), aliterações (por vezes ousadas)
- grafismos expressivos
- mistura de níveis de língua
- enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva
- desvios sintácticos
- estrangeirismos, neologismos
- subordinação de fonemas
- construções nominais, infinitivas e gerundivas
- metáforas ousadas, oximoros, personificações, hipérboles
- estética não aristotélica na fase futurista
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