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sexta-feira, 13 de junho de 2014

ALBERTO CAEIRO – O MESTRE INGÉNUO

Apresenta-se como um guardador de rebanhos, que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade com a qual contactou a todo o momento. Considera que “pensar é estar doente dos olhos”, ver é conhecer e compreender o mundo, por isso pensa vendo e ouvindo. A Caeiro só interessa vivenciar o mundo que capta pelas sensações, é nesta medida um sensacionista a que o sentido das coisas é reduzido à percepção da cor, da forma e da existência. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que pensar é não compreender. Insistindo naquilo a que chama “aprendizagem de desaprender”, ou seja aprender a não pensar, para se libertar de todos os modelos ideológicos, culturais ou outros e poder ver a realidade concreta. Vive de acordo com a natureza na sua simplicidade e paz e vê-a na sua constante renovação, aderindo espontaneamente ás coisas, tais como são e procura gozá-las com despreocupada e alegre sensualidade apreciando a beleza das coisas na sua originalidade e na sua simplicidade.
Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente, não querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a introspecção, a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.
Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado. Apresenta, ainda:
• Discurso poético de características oralizantes (de acordo com a simplicidade das ideias que apresenta): vocabulário corrente, simples, frases curtas, repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticências;
• Apologia da visão como valor essencial (ciência de ver)
• Relação de harmonia com a Natureza (poeta da natureza)
• Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o anseio, o receio são emoções que perturbam a nitidez da visão de que depende a clareza de espírito)

• Objectivismo
- apagamento do sujeito
- atitude antilírica
- atenção à “eterna novidade do mundo”
- integração e comunhão com a Natureza
- poeta deambulatório • Sensacionismo
- poeta das sensações tal como elas são
- poeta do olhar
- predomínio das sensações visuais (“Vi como um danado”) e das auditivas
- o “Argonauta das sensações verdadeiras”
• Anti-metafísico (“Há bastante metafísica em não pensar em nada.”)
- recusa do pensamento (“Pensar é estar doente dos olhos”)
- recusa do mistério
- recusa do misticismo • Panteísmo Naturalista
- tudo é Deus, as coisas são divinas (“Deus é as árvores e as flores/ E os montes e o luar e o sol...”)
- paganismo
- desvalorização do tempo enquanto categoria conceptual (“Não quero incluir o tempo no meu esquema”)
- contradição entre “teoria” e “prática”

CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS
- Verso livre
- Métrica irregular
- Despreocupação a nível fónico
- Pobreza lexical (linguagem simples, familiar)
- Adjectivação objectiva - Pontuação lógica
- Predomínio do presente do indicativo
- Frases simples
- Predomínio da coordenação
- Comparações simples
- Raras metáforas

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