Editorial
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Através do editorial, à semelhança do
que acontece com o comentário, a crítica e a crónica, são assumidas posições
sobre os acontecimentos. Trata-se de um discurso de opinião, normalmente
escrito por um indivíduo que adota um ponto de vista da globalidade da
publicação. Se for assinado, o editorial é da responsabilidade do seu autor,
se não for, responsabiliza-se toda a direção da publicação pelo seu conteúdo.
Representando uma visão crítica sobre
acontecimentos sociais, políticos e/ou económicos da atualidade, o editorial
é um importante meio de intervenção na formação da opinião pública.
As funções essenciais do editorial são,
dependendo dos casos, explicar os factos apresentando os seus antecedentes e
as suas relações, predizer o futuro e formular juízos de valor.
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Os editoriais podem ser agrupados,
genericamente, em três tipos:
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Editorial
polémico
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Tomando
uma posição polémica relativamente a alguém ou a algo, apresenta ideias
contrárias e procura convencer pela via da argumentação.
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Editorial
interpretativo
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A partir
de dados científicos, o editorial apresenta em pormenor o tema, favorecendo a
sua compreensão ou a formulação de um juízo, expondo, de seguida, as
conclusões que considera as mais acertadas, para as quais orienta os
leitores.
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Editorial
objetivo e analítico
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Próximo do
anterior, expõe os dados e os factos de forma objetiva, procurando explicar
mais do que sentenciar ou formular opinião sobre o tema avançado.
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Características
do registo linguístico
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Através de um discurso claro,
conciso e breve, o editorial caracteriza-se pela presença predominante de:
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Estrutura
(possível) do editorial
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“No anúncio televisivo a um aparelho
de ar condicionado veem-se duas jovens sentadas num quarto e um jovem deitado
na cama. As duas jovens começam a brincar lançando objetos uma à outra. As duas
jovens começam a brincar, lançando objetos uma à outra – até que se atiram para
a cama, agarrando-se ao rapaz. Moral da história: os homens que comprarem
aparelhos de ar condicionado da marca anunciada terão mulheres à discrição.
Quase toda a publicidade funciona
assim. Promete um mundo de ilusão.
As raparigas que comerem certos
produtos terão corpos como o da Cindy Crawford; os homens que comprarem uma
dada marca de carro rivalizarão com Robert de Niro; as mulheres que usarem
determinados cremes serão tão bonitas como a Isabella Rossellini; e até as que
preferirem um dado cartão de crédito serão longilíneas como a Fernanda Serrano.
Somos constantemente bombardeados
por imagens que mostram um mundo de gente bonita ao qual poderemos
perfeitamente aceder – desde que consumamos isto ou aquilo.
O problema reside, depois, no
confronto do mundo prometido pela publicidade com o mundo real. E aí é que são
elas: todos sofrem enormes desilusões. Uns por não poderem comprar tudo o que a
publicidade anuncia e que se acredita ser fantástico: carros, viagens, produtos
de beleza, uma infinidade de alimentos, carros, jogos, etc. Outros porque os
produtos que adquiriu não correspondem, regra geral, àquilo que a publicidade
prometia. Os carros têm problemas e não fazem seus condutores “Roberts de Niro”.
As viagens são cansativas, há esperas intermináveis nos aeroportos, perdem-se
malas e os locais de destinos não são tão deslumbrantes como pareciam nos
folhetos.
Vivemos, assim, naquilo que podemos
designar por sociedade da insatisfação. As pessoas, tendo hoje uma vida melhor
do que tinham há vinte ou trinta anos, são muito mais infelizes. Sentem-se
insatisfeitas quando não podem consumir o que a publicidade lhes propõe. Mas
continuam infelizes quando, depois de consumirem, verificarem que os produtos
não eram o que prometiam e que o consumo não lhes trouxe a prometida
felicidade.”
(Editorial, in Expresso)
Podemos
encontrar neste editorial algumas
das características a que deve obedecer este tipo de texto:
- exprime
uma opinião acerca de um assunto polémico com o objetivo de influenciar o
leitor;
- não vem
assinado, sendo, portanto, da responsabilidade da publicação em que surge;
- não
está redigido na 1ª pessoa, embora seja subjetivo;
- apresenta:
Introdução: “a publicidade promete um mundo de ilusão” (tese);
Desenvolvimento: argumentos e exemplos; Conclusão: vivemos numa sociedade
de insatisfação.
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